Mosca voa
sobre uma planta carnívora (Ralf Hettler/Getty Images)
Em 1880,
o naturalista britânico Charles Darwin foi o primeiro a escrever que as extremidades
das raízes vegetais "agem como o cérebro de animais inferiores".
Desde então, cientistas descobriram que as plantas atuam também como se
tivessem linguagem, memória, visão, audição, defesas e cognição. Percebem-se
como indivíduos e são capazes de fazer escolhas. Em outras palavras, elas têm o
que Darwin previa no último parágrafo de seu livro O Poder do Movimento nas
Plantas: inteligência.
"Elas
passaram por uma seleção em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os
animais e desenvolveram soluções que, às vezes, guardam semelhanças com as
deles."
As árvores e arbustos são criaturas sensíveis, que dividem o mesmo espaço com os
animais na escala evolutiva.
A
língua das plantas —
Quem está mostrando as evidências mais contundentes de uma cara característica
animal — a linguagem — nos vegetais são pequenas artemísias.
As folhas
ganham pequenos cortes que imitam dentadas de insetos para que emitam os
compostos orgânicos voláteis, conhecidos pela sigla VOC. O objetivo é entender
o papel desses elementos perfumados na natureza, que parecem enviar
mensagens muito precisas de uma planta para outra.
Viajam a até 60 centímetros de distância e são percebidos por outros ramos da
planta, por pés vizinhos da mesma espécie e, por vezes, por outras espécies que
estão ao lado. "As plantas coordenam suas defesas e as de seus
parentes", comunicação
vegetal confirmam que as plantas detectam esses sinais aéreos. E dominam mais
de uma língua: algumas conseguem também enviar mensagens para predadores de
herbívoros que, atraídos pelos compostos emitidos, evitam que as folhas sejam
comidas. "Plantas reconhecem os herbívoros que as atacam, às vezes
até antes que eles cheguem".
"Descobrir
essa linguagem das plantas, além de ser muito interessante, pode nos mostrar
como manipular a defesa de safras inteiras."
Impulsos elétricos
Há algum
tempo os biólogos sabem que todas as células vivas transmitem mensagens por
meio de sinais elétricos — chamados de íons. Eles passam através das membranas
de acordo com a concentração de íons de cada lado. Em agosto do ano passado, o
biólogo Edward Farmer, da Universidade de Lausanne, na Suíça, demonstrou, em um
estudo na revista "Nature", como os pulsos viajam pelas membranas da
planta através de longas distâncias. Elas são semelhantes a rudimentares
sinapses animais.
Cérebro
descentralizado — O
que torna um e outro diversos é o tipo de processamento de informações.
Árvores e arbustos, devido a sua falta de locomoção, desenvolveram um sistema
descentralizado — diferente do animal, que é localizado em órgãos como o
cérebro. O processamento vegetal de informações é semelhante a uma rede de
inteligência artificial, como em computadores. Seus sensores, que captam
luzes de diferentes intensidades (como nossos olhos) ou sons delicados como o
movimento aquático dentro das células (como nossos ouvidos), estão espalhados
por todo o vegetal.
Welton Santos
espec. architect and biologist construction
Consultancy and Projects
Architecture & Biology Building
"Principles of healthy and organic architecture projects"